Mais um fã?

Sou absolutamente suspeito pra falar da Patrícia...

Fui muito mais que um fã: era um apaixonadamente desmedido jovem admirador.

Fui de sonhar, de me iludir, de perder horas vivendo a ilusão de que em algum momento da vida -sabe-se lá Deus como- eu estaria a seu lado, sendo exatamente o par tantas vezes cantado por ela. O namorado ideal, que iria amá-la de forma tão pura e protetora, que finalmente conquistaria aquele coração agitado e cheio de anseios, descrito nas letras de suas músicas. (Como se fosse ela que compusesse as tais músicas...)

Quão doce era aquela ilusão, quão doce foram aqueles momentos...

A Patrícia daquele período era muito mais que uma combinação de voz e de beleza reunidas numa menina. Mas muito mais mesmo! Eu poderia ditar uma lista quase infinita de qualidades que contribuíam de maneira inigualável para o seu sucesso.

Apesar de tanta sublimidade, Patrícia nos passava a imagem de ser tangível. Coisa que raramente se dá com alguém que está no topo, em evidência positiva. E várias eram as comprovações desse fato.

Me lembro de uma vez, no programa Perdidos na Noite, em que ela ainda bem menina, se apresentava ao vivo, com sua banda. Com toda a vivacidade e empolgação sincera que lhe era possível, a pequena musa dos meus pequenos sonhos... transpirava. Como eu!

Entende o que era isso? Significava que ela não era uma boneca de vitrine, um produto fabricado pela mídia como tantos outros que existiam.

Transpirava e sorria com franqueza. Era solícita, simpaticíssima com seus fãs. Sempre correspondia e assim, fazia com que nós nos sentíssemos realmente importantes, únicos.

Na verdade, a única era ela.

Poderia ainda falar da sua já presente autenticidade e espontaneidade. Sempre com aquele brilho nos olhos de quem faz o que ama e que pretende fazer o melhor e dar cada vez mais de si.

Entre um abraço íntimo na Rainha Xuxa e um beijo de reconhecimento no Velho Guerreiro, entre a graciosidade digna de uma nobríssima princesa e a busca por reverenciar seus súditos, ela foi arrebatando a todos facilmente.

Particularmente foi assim também que ela me conquistou.

O olhar direto e risonho, a naturalidade de sua postura tanto diante de um apresentador importante quanto diante de seu público fiel, o respeito e o carinho recíproco e franco pelos fãs, o pragmatismo da sua conduta profissional ao se apresentar e é claro, a doçura perfeita da sua voz, do seu gosto musical e a delicadeza da sua beleza.
Mais: Patrícia me foi o paradigma da menina ideal, ao mesmo tempo em que me quebrava outros padrões... (Exemplo: Nunca gostei de menina ou mulher maquiada... e continuo não gostando. Mas se fosse ela...)

Posso assumir do alto da minha reflexão: amei  verdadeiramente essa menina em minha adolescência.
E enquanto ia fazendo a transição de menina para mulher, Patrícia exibia uma inocente sensualidade. Algo absolutamente natural, marcante e inesquecível... e que não existe mais hoje em dia.

Tanto que ainda hoje, quando revejo vídeos dela naquela época -benditos aqueles que gravaram suas aparições e bendito Youtube!- ainda sinto um bem estar tão grande e tão positivo, que a saudade bate à porta do meu coração. Como aquele tempo foi rico e importante para a minha formação humana!
E o mais engraçado é que ela certamente jamais saberá que isso se deu comigo...
Mas que importa? Se amei um amor adolescente, se fui feliz sonhando... De certo modo, a realidade se deu.
Patrícia foi minha namorada platônica mais linda, mais desejada e mais amada. Ela cantava e vivia pra mim, sem saber. E eu pra ela, igualmente.